sexta-feira, 25 de julho de 2014

Inscrições abertas: Pós Graduação em Análises Clínicas Animal



Após quase um ano de preparação, o IPESSP - Instituto de Pesquisa e Educação em Saúde, localizado na Alameda Franca, 1604 - Jardins (São Paulo - SP) está com as matrículas abertas para o curso de especialização em Análises Clínicas Animal. O curso de pós graduação lato sensu será oferecido em dois horários: noturno, com aulas durante a semana e o mensal, com aulas aos sábados e domingos.

Um dos diferenciais do curso oferecido pelo IPESSP é que o público alvo abrange, além dos Médicos Veterinários, graduados e tecnólogos da área de saúde como Biólogos, Biomédicos e Farmacêuticos/Bioquímicos. Ressalto, ainda, que o curso compromete-se a oferecer aos alunos o que há de mais moderno e relevante atualmente no que se refere à pesquisa e novas técnicas de análises laboratoriais, além de contar com corpo docente altamente qualificado e preparado. 

É visível o aumento de clínicas veterinárias que atendem pets e animais silvestres, e com isso, os laboratórios necessitam cada vez mais de profissionais altamente especializados, visto que os cursos de graduação e tecnologia ainda não oferecem ao aluno o respaldo necessário para ingressar na área laboratorial animal. Além disso, não podemos nos esquecer também do mercado Agropecuário e Sanidade Animal, cada vez mais em alta em todo o país.

Para terem uma ideia da importância deste novo mercado:

- na edição 114 da Revista do Farmacêutico do CRF-SP, em sua edição nº 114 (http://portal.crfsp.org.br/cf/revista/revista_114/rf114.pdf) na página 48 a matéria é exclusiva sobre Análises Clínicas em Animais.

- a mesma publicação, porém de nº 116, na página 46 (http://portal.crfsp.org.br/images/stories/revista/rf116/rf116.pdf), ressalta que o Laboratório de Análises em Animais é citado como alternativa.

Mais detalhes sobre a especialização em Análises Clínicas Animal:


Público Alvo:

Poderão ingressar no curso profissionais com curso superior (graduação) completo reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em Ciências Biológicas, Biomedicina, Farmácia/Bioquímica, Medicina, Tecnólogos e Medicina Veterinária. 

Carga horária:

500 horas 



Vagas:

22

Período:

Noite: 19h30min às 22h40min
Mensal: Um sábado e um domingo por mês das 09h00min as 17h00min



Horário:

Mensal: 09:00 às 17:00  
Semanal: 19:30 às 22:40



Próxima turma:

Noturno- 04/08/2014 
Mensal- 30/08/2014 e 31/08/2014

Para maiores informações, acesse: http://www.ipessp.edu.br/curso.php?idCurso=1161

Sobre a legalidade em que graduados diversos ao curso de Medicina Veterinária possam cursar Pós Graduação na área de Análises Clínicas Animal, acessem: 
http://profissaobiologa.blogspot.com.br/2013/03/analises-clinicas-veterinarias.html 

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Justiça Federal mantém os Médicos Veterinários como responsáveis técnicos pelos biotérios.

A Justiça Federal manteve os médicos veterinários como a categoria profissional responsável pelos biotérios, locais onde são criados e mantidos os animais utilizados em experimentações com fins científicos e de ensino. A decisão rejeita o pedido de liminar do Conselho Federal de Biologia (CFBio), que solicitava a anulação de parte da resolução do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), segundo o qual o médico veterinário é o responsável técnico pelos biotérios. Para o CFBio, a norma traz prejuízos para o exercício profissional dos biólogos e para a atividade da experimentação animal.

Em sua decisão, o juiz Francisco Neves da Cunha, da 22ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, argumenta que não há qualquer violação ao livre exercício das atividades dos biólogos. No entendimento do magistrado, a norma apenas resguarda o exercício das atividades privativas ao médico veterinário, como a prática médica e cirúrgica em animais submetidos ao ensino e à pesquisa científica.

No pedido de liminar, o CFBio solicitava a anulação do inciso II do artigo 9º da Resolução Normativa nº 6/2012 do CONCEA, que delega aos médicos veterinários a responsabilidade técnica pelos biotérios. Para o juiz, o inciso II apenas trata de alguns “pontos de intercessão” das duas áreas, a Medicina Veterinária e a Biologia.

O porta-voz do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) para assuntos sobre o Bem-estar Animal, Marcelo Weinstein Teixeira, avalia a sentença judicial como um reconhecimento da competência dos médicos veterinários. Ele explica que a sobreposição de atividades ocorre com diversas categorias profissionais. “Neste caso, está bem claro que as atividades relativas à clínica, à cirurgia e ao cuidado com a saúde animal são privativas do médico veterinário. Só ele tem conhecimento para lidar com essas áreas. A decisão foi positiva para os profissionais e para os animais”, avalia.



Nota do Blog: 

O curso de Ciências Biológicas infelizmente mantém nos dias de hoje uma grade curricular muito genérica e, por isso, os bacharéis tem o conhecimento de um pouco de tudo relacionado à "Vida", porém nada aprofundado. No entanto, em razão dos biólogos terem em sua formação o estudo da Ecologia e disciplinas correlatas, estão naturalmente capacitados a promover o bem estar animal, então fica a questão: por que não trabalhar em conjunto com os médicos veterinários, promovendo uma parceria saudável e criativa entre os profissionais envolvidos?

Particularmente considero a decisão de tornar a responsabilidade técnica de um biotério uma atuação privativa do médico veterinário (ou de qualquer outro profissional) muito restritiva, porque o biólogo tem um papel muito importante dentro desse ambiente em razão de seu conhecimento em ecologia, melhoramento de recinto, comportamento animal, dentre outros aspectos. Concordo que a parte de farmacologia, utilização de medicamentos e procedimentos clínicos / cirúrgicos são áreas de atuação exclusiva do médico veterinário, mas o biotério, tendo como função principal de reproduzir, criar e fornecer os animais para pesquisa e alimento a outros bichos mantidos em cativeiro mantém essas funções aliadas a outras que são tão importantes quanto. Um exemplo disso é o chamado "bem estar": se um animal não se sente confortável em um recinto, isto é, se fica estressado, deprimido, desenvolve alergias e outros sintomas patogênicos ou psicológicos, inevitavelmente estará prejudicando a pesquisa em que será utilizado, pois a alteração na produção de hormônios, queda de imunidade e outros fatores modificarão o resultado de um experimento. O biólogo é, nesses casos, o profissional indicado para lidar com essa questão, pois foi tecnicamente preparado para isso, porém o veterinário não, pois poucas faculdades de Medicina Veterinária abordam esse aspecto.  Além disso, o biólogo é indispensável no que se refere às ações preventivas que permitam o bem estar do animal em cativeiro / recinto e que possuam a finalidade de fornecer indivíduos saudáveis para os fins que são destinados. Claro que um médico veterinário pode se especializar nessa questão, afinal sabemos que não se trata de atividade exclusiva/privativa, porém, o foco de um profissional formado em Medicina Veterinária seria outro.

Destaco outra questão extremamente importante: a exclusividade para atuar como responsável técnico por biotérios é válida para todo tipo de estabelecimento, e sendo assim, quando se fala em número de produção de animais os insetos são aqueles criados em maior número e, consequentemente, os que mais são comercializados. Portanto, a decisão da Justiça Federal é falha visto que não levou em consideração que o veterinário não possui a formação acadêmica necessária e adequada para trabalhar criação e manejo de insetos, ao contrário do biólogo.

No que tange a essa ou outras questões, minha opinião é que o CFBio, infelizmente peca com sua ineficiência e omissão quando não promove ações preventivas para, por exemplo, estipular as atividades privativas dos biólogos, visto que cada vez mais perdemos espaços para outros profissionais. E o CFMV, junto com outros conselhos de classe, de maneira certeira para os profissionais que defendem, tem abocanhado cada vez mais nichos do mercado.

Ainda não me convenci do contrário: a exclusividade da atuação do Médico Veterinário como responsável por biotérios não somente é uma reserva de mercado, mas também um retrocesso. Em não muito tempo, creio que no Brasil o Biólogo será sinônimo de professor de ensino médio e fundamental, assim como os que cursaram Física, Química e Matemática. Se isso não é reserva de mercado, então o que será?

Lamentável.

Mudança do clima e ação humana alteram litoral no Brasil

As zonas costeiras costumam sofrer alterações provocadas por elementos naturais, como elevação do nível do mar e o regime de ondas a que são submetidas. Com as mudanças climáticas, os elementos naturais que influenciam nas alterações das praias, chamados de condições forçantes, devem se intensificar e modificar o desenho das terras costeiras.

Pesquisa conduzida em São Paulo e Pernambuco, que investigou os impactos sofridos por quatro praias nos dois estados, concluiu, no entanto, que os efeitos da ação humana podem ser ainda mais fortes do que os da natureza.

Executado com apoio da FAPESP e da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), o trabalho é resultado de uma chamada de propostas lançada no âmbito de um acordo de cooperação entre as instituições.

A pesquisa “Vulnerabilidade da zona costeira dos estados de São Paulo e Pernambuco: situação atual e projeções para cenários de mudanças climáticas” durou três anos, período em que foram estudadas as praias paulistas de Ilha Comprida, no município de mesmo nome, e de Massaguaçu, em Caraguatatuba, e as pernambucanas praia da Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, e praia do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho.

“Escolhemos praias com características diferentes para fazer as comparações. Massaguaçu, no litoral norte paulista, e Jaboatão, na região metropolitana do Recife, são praias urbanas, enquanto Ilha Comprida e Paiva ficam em regiões menos habitadas”, disse o coordenador do projeto, Eduardo Siegle, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP), que dividiu a liderança dos trabalhos com a professora Tereza Araújo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A pesquisa analisou como as mudanças climáticas globais provocam alterações na costa. Uma das condições forçantes é o clima de ondas. Segundo Siegle, as mudanças climáticas provocam alterações nos regimes de ventos, principais influenciadores na formação das ondas. Com direção e força alteradas, as ondas podem redesenhar o contorno das praias, refazendo sua morfologia.

“As ondas redefinem os depósitos de sedimentos e as praias atingem um equilíbrio dinâmico mediante as condições a que estão sujeitas; pode ocorrer erosão em alguns pontos e deposição de material em outros”, disse Siegle, acrescentando que uma praia pode encolher, mudar de formato e até aumentar de tamanho.

Outro fator decorrente das mudanças climáticas é a elevação do nível do mar, que leva as ondas a ter maior alcance e atingir novos pontos da costa. Essa condição costuma aumentar erosões e provocar inundações de áreas próximas à costa.

Um ponto confirmado pelos resultados obtidos foi o fato de que, em algumas regiões, as ações antrópicas no litoral exerceram mais influência nessas alterações que as forças da natureza. “Acompanhamos imagens de décadas. Nesse período, os impactos de uma ocupação mal feita do litoral podem ser muito maiores do que aqueles provocados por mudanças climáticas”, disse.

Processos de urbanização que impermeabilizam áreas praianas necessárias ao movimento de sedimentos, por exemplo, costumam provocar erosões de forma mais acentuada. No estudo, a ação humana figurou entre os principais influenciadores da vulnerabilidade costeira.

Observação dos processos costeiros – O trabalho também se debruçou sobre as mudanças históricas nas condições forçantes naturais. Para isso, a equipe lançou mão de modelos computacionais que simularam essas forças e seus efeitos ao longo das últimas décadas. Outro método de investigação foi a coleta de dados em campo. Os pesquisadores fizeram levantamentos morfológicos, que analisam o formato das praias e mediram parâmetros de suas ondas.

A medição de variáveis físicas na região costeira exigiu a aplicação de métodos inovadores para colocar instrumentos nas zonas de arrebentação, relatou Siegle. A equipe acoplou um perfilador acústico de correntes marinhas Doppler (ADCP) em uma moto aquática com um trenó.

O equipamento fornece parâmetros como velocidade das correntes na coluna d’água, altura, direção e período das ondas. A moto aquática foi usada para levantamentos batimétricos e hidrodinâmicos em áreas rasas sujeitas à arrebentação de ondas, nas quais embarcações convencionais não conseguem navegar.

Uma série de imagens aéreas registradas ao longo de aproximadamente 40 anos foi outra importante fonte de dados para a pesquisa. Foram acessados arquivos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do próprio Instituto Oceanográfico da USP. Por meio de pontos georreferenciados marcados sobre as imagens, foi possível acompanhar as alterações na faixa costeira ao longo do tempo.

Com os dados coletados pelos diferentes métodos, o grupo estabeleceu nove indicadores de vulnerabilidade: posição da linha de costa, largura da praia, elevação do terreno, obras de engenharia costeira, permeabilidade do solo, vegetação, presença de rios ou desembocaduras, taxa de ocupação e configurações ao largo. Este último diz respeito à área de mar aberto adjacente à região costeira em estudo.

Sistemas praiais mais largos tendem a ser mais estáveis que faixas estreitas, portanto menos vulneráveis. A presença de vegetação bem desenvolvida na zona pós-praia sugere um cenário de baixa erosão e rara intrusão de água salina.

A vulnerabilidade à inundação pode ser estimada, entre outros fatores, pela permeabilidade do solo. Quanto menos permeável for o solo, mais sujeita à inundação será a área. E por alterar simultaneamente vários desses fatores, a taxa de ocupação da costa é um dos mais preponderantes indicadores de vulnerabilidade de uma área costeira.

Os indicadores foram depois tabulados e classificados de acordo com três graus de vulnerabilidade: alta, média ou baixa, para cada ano analisado. Registrou-se a evolução da vulnerabilidade de cada praia estudada e os pesquisadores chegaram a várias conclusões.

“Entre elas eu destacaria a importância da ocupação humana no litoral na elevação da vulnerabilidade da praia”, disse Siegle. As praias urbanas nos dois estados apresentaram situação de vulnerabilidade maior que aquelas com taxa de ocupação menor.

A aplicação desse método foi detalhada na tese de doutorado de Paulo Henrique Gomes de Oliveira Sousa, intitulada “Vulnerabilidade à erosão costeira no litoral de São Paulo: interação entre processos costeiros e atividades antrópicas”, defendida em 2013 no Programa de Pós-Graduação em Oceanografia do IOUSP.

O projeto de pesquisa resultou em cinco trabalhos de iniciação científica, quatro dissertações de mestrado e duas teses de doutorado, uma com bolsa FAPESP – Cássia Pianca Barroso desenvolveu o trabalho “Uso de imagens de vídeo para a extração de variáveis costeiras: processos de curto a médio termo”.

De acordo com Siegle, vários artigos estão em fase de redação e quatro já foram publicados, entre eles Evolução da vulnerabilidade à erosão costeira na Praia de Massaguaçú (SP), Brasil no Journal of Integrated Coastal Management e Vulnerability assessment of Massaguaçú Beach (SE Brazil) na Ocean & Coastal Management.

Parceria São Paulo-Pernambuco – Além dos resultados científicos, o projeto apresentou como fruto a aproximação entre instituições de pesquisa paulistas e pernambucanas. “A interação foi muito grande e pesquisadores pernambucanos participaram das pesquisas em campo em São Paulo e vice-versa”, contou Siegle.

A aproximação dos grupos levou a outro trabalho conjunto FAPESP-FACEPE, o projeto “Suscetibilidade e resistência de sistemas estuarinos urbanos a mudanças globais: balanço hidro-sedimentar, elevação do nível do mar, resposta a eventos extremos”, coordenado pelos professores Carlos Schettini (UFPE) e Rubens Cesar Lopes Ferreira (IO/USP).

A execução do projeto coordenado por Siegle e Tereza Araújo ainda levou à formação do Grupo de Trabalho “Respostas da Linha de Costa” que incorpora o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Ambientes Tropicais Marinhos (AmbTropic) , sediado no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia e apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Imagem de raio X mostra tumor em gato provocado por fumaça de cigarro

Animais considerados 'fumantes passivos' podem desenvolver câncer.

Bichos nesta posição podem sofrer malefícios iguais aos humanos fumantes.


Imagens divulgadas pela Escola de Medicina Veterinária Cummings, da Universidade Tufts, dos Estados Unidos, mostram tumores detectados em exames realizados em gatos e cães. De acordo com os pesquisadores, os cânceres surgiram devido ao excesso de exposição desses animais de estimação à fumaça de cigarro.
Segundo veterinários, bichos na posição de fumantes passivos se tornam vítimas dos fumantes ativos e podem ter os mesmos malefícios e riscos para a saúde.

Raio X do peito de um gato mostra um tumor no pulmão do animal, que é considerado fumante passivo. (Foto: Cummings School of Veterinary Medicine/AP)

Em outra imagem, desta fez feita com a ajuda de um tomógrafo, é possível visualizar tecido com câncer. (Foto: Cummings School of Veterinary Medicine/AP)
Fonte: G1

Revistas científicas apostam em rigidez de critérios

A nova política da Science visa melhoria do padrão de análise de dados estatísticos 



A publicação científica Science está acrescentando uma rodada adicional de checagens estatísticas ao seu processo de revisão por pares, anunciou sua editora-chefe Marcia McNutt em 3 de julho. A política segue esforços similares aos de outras publicações, depois de preocupações generalizadas de que erros básicos na análise de dados estejam contribuindo para a “impossibilidade de replicação” de muitos resultados de pesquisas publicadas.

“Leitores precisam confiar nas conclusões divulgadas em nossa publicação”, escreveu McNutt em um editorial em 6 de julho. Trabalhando com a American Statistical Association (Associação Estatística Americana), a Science nomeou sete especialistas para um conselho estatístico de editores revisores (statistics board of reviewing editors [SBoRE, em inglês]). Manuscritos serão escolhidos aleatoriamente para escrutínio complementar pelos editores da publicação, ou por seu Conselho de Editores Revisores (mais de 100 cientistas que a publicação consulta regularmente sobre artigos) existente, ou ainda por revisores externos. Depois disso, o painel SBoRE procurará estatísticos externos para rever esses manuscritos.

Questionada sobre se quaisquer artigos em particular suscitaram essa mudança, McNutt respondeu: “A criação do conselho estatístico foi motivada por preocupações amplas com a aplicação de estatísticas e análise de dados em pesquisas científicas e faz parte do intento geral da Science de aumentar a reprodutibilidade da pesquisa que publicamos”.

Giovanni Parmigiani, um bioestatístico na Harvard School of Public Health, membro do grupo SBoRE, disse esperar que o conselho “desempenhe principalmente um papel consultivo”. Ele concordou em se juntar ao esforço, porque “o princípio que fundamenta o SBoRE é novo, inédito e capaz de ter um impacto duradouro. Esse impacto não se manifestará apenas através das publicações da própria Science, mas, tomara, também através de um grupo maior de publicações que talvez queiram seguir o modelo da Science”.

John Ioannidis, um médico que estuda metodologia de pesquisa na Stanford University, defende que a medida representa “um avanço muito bem vindo e já deveria ter sido adotada há muito tempo”. “A maioria das publicações científicas é fraca em revisão estatística e isso prejudica a qualidade do que publicam. Acredito que para a maioria dos trabalhos científicos atuais a revisão estatística é mais essencial que a análise por pares”, observou. Mas ressaltou que publicações biomédicas, como Annals of Internal MedicineJournal of the American Medical Association e The Lancet dedicam muita atenção à análise estatística.

Espera-se que cientistas profissionais saibam como analisar dados, mas erros estatísticos são assustadoramente comuns em pesquisas publicadas, de acordo com David Vaux, um biólogo celular no Instituto Walter e Eliza Hall de Pesquisa Médica, em Parkville, na Austrália. Pesquisadores deveriam melhorar seus padrões, Vaux escreveu em Nature em 2012, mas as publicações científicas também deveriam adotar uma linha mais dura, “envolvendo revisores estatisticamente instruídos e editores capazes de verificar o processo”. Vaux observa que a ideia da Science de passar alguns artigos para estatísticos “tem algum mérito, mas uma de suas fraquezas é depender do conselho de editores revisores para identificar os artigos que precisam ser escrutinizados em primeiro lugar”.

A reforma em publicações científicas está começando a acontecer, comenta Bernd Pulverer, editor-chefe do EMBO Journal, em Heidelberg, na Alemanha. “Temos discutido o nível de estatísticas em nossos artigos há algum tempo. Com frequência excessiva, dados em estudos de biologia celular molecular de fato ainda são publicados com estatísticas mal definidas, pouco convincentes ou simplesmente erradas”, admite. Mas Pulverer acrescenta que o EMBO Journal e outras publicações acadêmicas estão planejando relação de critérios para informações estatísticas básicas que devem ser relatadas em trabalhos de pesquisa, e que sua publicação também pretende adicionar peritos em estatística ao seu conselho editorial.

Essas relações de requisitos estatísticas estão despontando como padrões depois de alguns seminários organizados pelo National Institutes of Health (NIH) em 2012, para discutir os problemas que levam a resultados de pesquisas irreproduzíveis. Em abril de 2013, por exemplo, a Nature anunciou que tinha criado uma lista de verificação desse tipo e que, para ajudar a melhorar a consistência estatística de seus artigos, empregaria estatísticos “como consultores em certos trabalhos a critério dos editores e conforme sugerido pelos críticos (árbitros, ou juízes, no jargão)”. (A equipe de reportagem e comentários da Nature é editorialmente independente de sua equipe de pesquisa editorial.)

“A Nature e a Science compartilharam suas experiências de melhoria de seus sistemas”, confirma Veronique Kiermer, editora-executiva daNature. “Apreciamos suas novas iniciativas, assim como aplaudimos quaisquer medidas por parte de editores para melhorar análises estatísticas”.


Parques da Copa ficam na promessa

Plano do governo federal de 2011 previa aplicação de R$ 668 milhões em 46 unidades, mas investimento foi de no máximo 25% em 16 unidades


Por Giovana Girardi / O Estado de S. Paulo


Se a fama do Brasil lá fora é de país do futebol, do carnaval e das belezas naturais, nada melhor que aproveitar a Copa do Mundo para também oferecer aos turistas o contato com o meio ambiente - o carnaval já está embutido na festa. Essa era a ideia por trás de um projeto lançado há três anos pelo governo federal - o Parques da Copa. Mas o Mundial está aí sem que o plano tenha vingado. Na melhor das hipóteses, somente 25% dele foi realizado.
A previsão inicial, anunciada em 2011, era investir R$ 668 milhões em 26 parques federais e em 21 estaduais e municipais, em uma parceria entre os Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Turismo. No início deste ano, o número de parques foi reduzido para 16 no entorno das 12 cidades-sede, e o Turismo fez pela primeira vez um aporte específico para o projeto: R$ 10,4 milhões.
Esse foi o único valor apresentado tendo como destino direto o Parques da Copa - 1,55% do projetado inicialmente. O Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pelas unidades,
afirmou, no entanto, que ao longo desses três anos foram investidos em 19 parques (entre eles 16 da Copa) cerca de R$ 171 milhões.
O dinheiro, de acordo com o instituto, foi para infraestrutura (R$ 78 milhões já executados em projetos e obras e mais cerca de R$ 11 milhões em execução); para regularização fundiária (R$ 12 milhões em três parques); e para custeio dos 16 parques (R$ 70 milhões em serviços, vigilância e manutenção).
Para ambientalistas, porém, o valor, que elevaria os gastos para um quarto do que foi prometido, inclui tarefas que são da própria manutenção das unidades e não são relativas a melhorias para o turismo. É o caso do custeio e da regularização fundiária. Em geral, os especialistas consideram que, com poucas exceções, a maioria dos parques no Brasil não tem condições de receber turistas.
De fato, dos R$ 78 milhões de infraestrutura (fatia que realmente importa para o turismo), 85% ficaram concentrados em quatro unidades, segundo dados do ICMBio. Metade foi para o Parque da Tijuca, R$ 15,8 milhões para o de Jurubatiba, R$ 12 milhões para o Parque da Tijuca e R$ 7 milhões para Fernando de Noronha.
Investimentos, que, segundo os especialistas, não fizeram diferença. "Não vimos nenhum caso, ao menos nenhum único parque sequer, que tenha passado por alguma mudança positiva. A verdade é que, tirando os Parques do Iguaçu e da Tijuca, que já eram os mais bem estruturados do Brasil, todos os outros estão em uma situação muito inferior", afirma Angela Kuczach, diretora da Rede Nacional Pró Unidades de Conservação.
Poucos visitantes
Estudo de 2011 da UFRJ sobre a contribuição que as unidades de conservação poderiam dar à economia nacional calculou que há potencial para obter até R$ 1,8 bilhão por ano com visitação aos quase 70 parques federais do País. Em 2012, com 5,3 milhões visitantes, foram arrecadados menos de R$ 27 milhões.
Manifesto entregue por entidades ambientalistas e associações de turismo ambiental ao governo no início de maio registra que parques dos EUA, em 2008, receberam 275 milhões de visitas e arrecadaram US$ 11,5 bilhões. Ainda segundo o texto, os cinco maiores parques da África do Sul recebem ao ano 4,3 milhões de turistas.
Angela lembra que na Copa anterior, da África do Sul, havia pacotes para os turistas conhecerem os parques nacionais. "Lá eles já sabiam antes de chegar o que visitar. Aqui, quem é que chega a Cuiabá e sabe que a Chapada dos Guimarães está ali do lado?", indaga.
Beto Mesquita, diretor do programa Mata Atlântica da Conservação Internacional no Brasil, afirma que houve "algum incremento" nas 16 unidades, mas aponta que não foram ações conectadas ao objetivo do programa de estruturar os parques para o uso público. "Foi uma tremenda bola
fora", disse, sem perder o trocadilho.
Outro lado. 
Sergio Brant, diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio, declara que o que foi anunciado em 2011 não era um plano propriamente dito, mas uma "tentativa de atrair a atenção dos visitantes para os parques nacionais e direcionar os investimentos". Segundo ele, "nunca houve de verdade um projeto fechado do que seria feito ou quanto seria aplicado".
De acordo com Brandt, a cifra de R$ 668 milhões era um cálculo que englobava todo o investimento necessário para aplicar não só nos parques, mas também para que as cidades no entorno das unidades também tivessem uma infraestrutura turística.
"Mas, quando se começa a levantar as cifras, se vê que nem tudo é factível. A intenção era chegar na Copa com uma qualidade de serviço melhor do que a gente tinha antes. Bem ou mal, acho que isso a gente vai conseguir."
O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,parques-da-copa-ficam-na-promessa,1520376

Neonicotinoides, pesticidas que matam abelhas, também afetam aves, alerta estudo

Já suspeitos de matar abelhas, os chamados pesticidas neonicotinoides – ou neônicos – também afetam populações de aves, possivelmente eliminando os insetos dos quais se alimentam, revelou um estudo publicado na Holanda esta quarta-feira. Matéria da AFP, no UOL Notícias.
O novo artigo é publicado depois que um painel internacional de 29 especialistas revelou que aves, borboletas, minhocas e peixes estavam sendo afetados por inseticidas neonicotinoides, embora detalhes desse impacto sejam incompletos.
Estudando regiões na Holanda onde a água superficial tinha altas concentrações de uma substância química chamada imidacloprida, descobriu-se que a população de 15 espécies de aves caiu 3,5% anualmente em comparação com lugares onde o nível do pesticida era muito menor.
A queda, monitorada de 2003 a 2010, coincidiu com o aumento do uso da imidacloprida, destacou o estudo conduzido por Caspar Hallmann, da Universidade Radboud, em Nijmegen.
Autorizado na Holanda em 1994, o uso anual deste neonicotinoide aumentou mais de nove vezes em 2004, segundo cifras oficiais. Descobriu-se que grande parte deste produto químico foi disperso em concentrações excessivas.
Ao acabar com os insetos – uma fonte de alimento crucial na época da reprodução -, ele afetou a capacidade das aves de procriar, sugeriram os autores, alertando que outras causas não poderiam ser excluídas.
Nove das 15 espécies de aves monitoradas eram exclusivamente insetívoras.
“Nossos resultados sugerem que o impacto dos neonicotinoides no ambiente natural é inclusive mais substancial do que foi reportado no passado”, revelou a pesquisa, publicada na revista “Nature”.
“No futuro, a legislação deveria levar em conta os efeitos em cascata potenciais dos neonicotinoides nos ecossistemas”, acrescentou.
Também chamados de neônicos, estes pesticidas são amplamente usados no tratamento de sementes para cultivos aráveis. Eles são projetados para serem absorvidos pela muda em crescimento e são tóxicos para o sistema nervoso central de pestes devoradoras de plantios.
Em um comentário publicado na “Nature”, o biólogo Dave Goulson, da Universidade de Sussex, na Grã-Bretanha, disse que os neonicotinoides podem ter um impacto de longo prazo nas populações de insetos.
Cerca de 5% do ingrediente ativo do pesticida é absorvido pelo cultivo, afirmou.
A maior parte do restante entra no solo e na água subterrânea, onde pode persistir por meses, ou até anos. Diminuir à metade as concentrações pode levar mais de mil dias.
Como resultado, as substâncias químicas se acumulam, sendo os campos aspergidos sazonal, ou anualmente, afirmou.
Gordon disse que o processo é similar ao do DDT, um pesticida conhecido, cujos danos ao meio ambiente vieram à tona em 1962, graças à pesquisa de Rachel Carson, que resultou no livro “Primavera Silenciosa”.
A discussão sobre os neônicos tem aumentado desde o final dos anos 1990, quando os apicultores franceses culparam-nos pelo colapso das colônias de abelhas melíferas.
Em 2013, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA, na sigla em inglês) declarou que os pesticidas neônicos representavam um “risco inaceitável” para as abelhas.
A isto se seguiu um voto da União Europeia a favor de uma moratória de dois anos ao uso de três substâncias químicas neonicotinoides amplamente utilizadas nos cultivos de flores, que são visitados pelas abelhas.
Mas a medida não afeta a cevada e o trigo, nem afeta pesticidas usados em jardins e em áreas públicas.
No mês passado, a Casa Branca determinou que a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos faça sua própria revisão sobre os efeitos dos neonicotinoides nas abelhas.
Fonte: EcoDebate