Este não é mais um blog dedicado à Biologia. São experiências e idéias de uma advogada que ousou sair de sua zona de conforto para iniciar não somente uma nova carreira, mas uma nova vida. E que não se arrependeu de sua decisão...
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
Usinas de energia solar queimam pássaros em pleno voo nos EUA
Considerada 'energia limpa', energia solar também pode ter impacto.Aves são chamuscadas com o calor dos raios solares refletidos por usina.
Foto de outubro de 2013 mostra pássaro chamuscado encontrado na usina solar no deserto de Mojave, na Califórnia (Foto: AP Photo/U.S. Fish and Wildlife Service)
Usinas de energia solar, conhecidas como alternativas energéticas com menos impacto ambiental, têm queimado pássaros em pleno voo nos Estados Unidos.
Investigadores federais de proteção à vida selvagem que visitaram no ano passado a usina BrightSource Energy, a maior planta solar do mundo, que fica no deserto de Mojave, verificaram que pássaros queimavam e caíam sobre o local, em média, a cada dois minutos.
Agora, esses investigadores pedem que planos de ampliação da usina sejam paralisados até que se possa verificar a extensão total das mortes de pássaros. Enquanto a BrightSource estima que ocorram cerca de mil mortes por ano, um especialista do grupo ambientalista Center for Biological Diversity calcula que ocorram até 28 mil mortes anualmente.
Para Garry George, diretor de energias renováveis da organização ambiental Audubon Society, focada na preservação dos pássaros, as mortes são alarmantes. "É difícil dizer se é a localização ou a tecnologia", diz. "É preciso ter cautela."
As mortes das aves mostram que a busca por uma energia limpa por vezes pode provocar danos ambientais inadvertidamente. Fazendas solares têm sido criticadas também por seus impactos sobre as tartarugas do deserto e os parques eólicos já foram apontados por matar pássaros, inclusive numerosas aves de rapina.
Foto de fevereiro de 2014 mostra alguns dos 300 mil espelhos controlados por computador na usina de
energia solar (Foto: AP Photo/Chris Carlson, file)
"Levamos esse assunto muito a sério", disse Jeff Holland, porta-voz da empresa NRG Solar, de Carlsbad, na Califórnia. Trata-se de uma das três empresas por trás da usina. A outra empresa é o Google.
A usina de US$ 2,2 bilhões, inaugurada em fevereiro, tem por mais de 300 mil espelhos, cada um do tamanho de uma porta. Eles refletem os raios solares em direção a três torres, que se elevam a uma altura de até 40 andares. A água dentro das torres é aquecida para produzir vapor, que aciona turbinas que geram energia elétrica suficiente para suprir 140 mil casas.
Os raios solares refletidos pelos espelhos são brilhantes o suficiente para atrapalhar pilotos chegando ou saindo de Las Vegas e de Los Angeles.
Especialistas afirmam que a usina pode ser uma grande armadilha para a vida selvagem: a luz refletida pelos espelhos atrai insetos que, por sua vez, atraem pássaros que morrem devido aos intensos raios de luz.
Defensores da energia solar estão lutando para evitar que as mortes dos pássaros forcem uma pausa na construção de novas usinas, no momento em que eles veem que a tecnologia está a ponto de tornar-se mais acessível e disponível, de acordo com Thomas Conroy, especialista em energias renováveis.
Para ele, a diversidade de tecnologias e de fontes energéticas é essencial. "Ninguém deve argumentar que devemos usar só carvão, só energia solar, só energia eólica ou só energia nuclear. E cada uma dessas tecnologias tem uma longa lista de prós e contras."
Usina solar tem capacidade de gerar energia que pode abastecer 140 mil moradias (Foto: Steve Marcus/Reuters)
Fonte: G1
Cientistas consideram extintas três espécies de aves nativas do Brasil
Os três pássaros habitavam a Mata Atlântica na região nordeste
Três espécies de aves nativas do Brasil foram consideradas extintas depois de vários anos sem registros em nenhum lugar do país.
As três espécies são o caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), o gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) e o limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), que tinham como habitat a Mata Atlântica da região nordeste do país.
Figura 1: caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum)
Fonte: http://tolweb.org/Glaucidium/100979
Figura 2: gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti)
(Ilustração: Rolf Grantsau)
Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/novo-e-ameacado/
Figura 3: limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi)
Fonte: http://leesbird.com/birds-world/fm/furnariidae/
De acordo com estudos realizados pela Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, não existem registros dessas três aves nos últimos anos, o que faz com que elas possam ser consideradas extintas.
No caso do caburé-de-pernambuco, uma pequena espécie de coruja, o último registro oficial que existe é um "canto gravado em 1990", segundo a nota divulgada hoje pelas instituições responsáveis pela pesquisa.
As outras duas aves também não foram avistadas nos últimos dez anos e, por isso, presume-se que estão extintas, disse o cientista Luis Fábio Silveira, da USP.
Entre as possíveis causas do desaparecimento dessas espécies, Silveira citou a degradação do meio ambiente na Mata Atlântica, que possui atualmente apenas 12% de seu tamanho original.
Segundo Silveira, nas áreas do nordeste onde viviam essas três aves houve grande desenvolvimento de indústrias de cana-de-açúcar e outras que elevaram os níveis de poluição e devastaram parte da vegetação, o que põe em perigo outras espécies nativas da região.
"Uma das saídas para evitar a extinção de outras espécies é proteger o que resta da Mata Atlântica através da criação de novas áreas protegidas e corredores ecológicos" que garantam sua sobrevivência, afirmou o cientista.
Fonte: Revista Galileu
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Obama cria plano para proteger abelhas
Um dos objetivos da ação é avaliar os efeitos dos pesticidas sob os polinizadores, já que este parece ser um dos maiores perigos aos insetos. Os inseticidas neonicotinóis, por exemplo, já se mostrarem prejudiciais às abelhas e outros animais.
Fonte: Tribuna da Bahia
Importância Econômica e Social da Produção e Consumo de Mel
Uma das principais preocupações em relação à biodiversidade é a diminuição das abelhas. Quase todos os estudos indicam que principalmente por causa dos agrotóxicos e outros produtos neonicotinóides e organofosfatos o colapso das colmeias seja um fenômeno mundial. Além destes produtos, outros fatores são citados como possíveis causadores – ácaros, vírus, fungos, manejo inadequado, fenômenos naturais como extremos de frios e estiagens – mas mesmo estes estudos apontam a diminuição da resistência natural e da imunidade das colmeias aos agentes causadores quando expostas a produtos químicos nocivos capazes de alterar o metabolismo e as respostas biológicas individuais ou coletivas das abelhas. Os impactos sobre o meio ambiente e a biodiversidade ainda estão sendo estudados, mas é consenso que por se tratarem de insetos polinizadores a possível diminuição drástica ou desaparição das abelhas causaria uma série de alterações em nichos e habitats de plantas, outros insetos e mesmo outros animais que dependem das cadeias alimentares relacionadas, incluindo-se o mel. As abelhas são responsáveis por 80% da polinização realizada por insetos e três quartos das culturas alimentares dependem deste serviço ecossistêmico.
Entre os animais consumidores de mel e derivados – própolis, geleia real, ceras – estão os seres humanos. Por isto, este artigo pretende dar destaque além do enfoque ambiental, aos aspectos econômicos e sociais da produção e consumo de mel: quem são os produtores, quanto produzem, quais as regiões brasileiras são as principais produtoras, quais países importam e exportam, quem consome, qual a importância na alimentação, quem controla o mercado e outros questionamentos fundamentais a esta atividade econômica. Indispensável destacar, que o mel é um produto diretamente relacionado com os serviços ecossistêmicos e que sua produção não é possível através de processos industriais convencionais.
No Brasil, os principais produtores de mel são pequenos agricultores em que a apicultura soma-se com outras atividades econômicas e a principal região produtora é a Sul com 49% da produção brasileira. Individualmente, o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional com 20%, Paraná com 16,2% e Santa Catarina com 12,9%, destacando-se também Minas Gerais e São Paulo. No Nordeste há uma produção significativa: aproximadamente 46 mil apicultores de nove estados nordestinos produzem 40% do mel brasileiro em épocas com índices de chuvas normais. Em todo o país são 350 mil produtores, sendo 90% agricultores familiares com renda anual de até R$ 6.000,00. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2012 a produção brasileira de mel gerou R$ 40 milhões e cresceu 24% nos últimos seis anos. Em volume foram aproximadamente 33.931 toneladas. Em 2011, foram exportadas 22.390 toneladas e o Brasil ficou em 5º lugar entre os exportadores com 4,5%.
Estado
|
Produção em 2012 (em toneladas)
|
Rio Grande do Sul
|
6.774
|
Paraná
|
5.496
|
Santa Catarina
|
4.388
|
Minas Gerais
|
3.398
|
São Paulo
|
2.821
|
Ceará
|
2.016
|
Bahia
|
1.595
|
Piauí
|
1.563
|
Mato Grosso do Sul
|
820
|
Pernambuco
|
635
|
Total
|
33.931
|
Tabela 1 – Principais Estados produtores de mel no Brasil em 2012.
Fonte: Revista Destaque Rural nº 6, página 10.
Na África, os produtores de mel também são pequenos agricultores familiares inseridos em contextos econômicos em que este é fundamental à subsistência. Em muitas regiões, as mulheres cuidam das colmeias, que muitas vezes são móveis para aproveitamento das floradas. A apicultura também diminui as queimadas e além desta produção, existe também a coleta em colmeias selvagens, geralmente para consumo familiar ou de grupos. Neste sentido, o mel no continente africano tem uma grande importância econômica como fonte de energia na dieta e segurança alimentar das comunidades. Mas também existem programas que incentivam os produtores como em Moçambique através da Iniciativa de Terras Comunitárias – ITC e a Fundação Micaia que orienta a assistência técnica e a produção e facilita a comercialização. O Banco Africano de Desenvolvimento – BAD também financia projetos desenvolvidos por associações apícolas. O maior consumidor mundial de mel é a República Centro Africana com 3, 80 kg de consumo anual por habitante em 2009, segundo a FAO. Angola, Etiópia, Moçambique, Quênia e muitos outros países africanos também são grandes consumidores.
Os maiores produtores mundiais são: a China que em 2013 produziu 27,4%, Turquia com 5,5%, Argentina com 4,7%, Estados Unidos com 4,2% do total. A Índia está em quinto lugar com 61 mil toneladas. A argentina até 2012 era a segunda colocada, mas manteve a sua produção de 75,5 mil toneladas. O Brasil está em sétimo lugar e caiu duas posições desde 2011. A produção mundial em 2013 calculada pela Food Administration Organization – FAO foi de 1.59 milhões de toneladas. O número total de colmeias é de 79 milhões, sendo chinesas 11,1 milhões. No Brasil existem divergências: a FAO afirma existirem 1 milhão de colmeias e a produção em 2013 de 33,5 mil toneladas, mas as associações de apicultores calculam em 1,7 milhões de colmeias e produção de 50 mil toneladas para o mesmo ano.
Os principais consumidores, além dos países africanos, são os asiáticos e do Oriente Médio como Kuwait, Irã e Emirados Árabes, inclusive em muitas destas regiões o mel está relacionado com aspectos e representações sociais culturais e/ou religiosas. Os países europeus também são grandes consumidores e importam a maior parte de várias regiões e países produtores. A Grécia é o segundo consumidor mundial com 1,5 kg de consumo anual por habitante em 2009. Alemanha, Portugal, Espanha, França e Reino Unido são os principais consumidores. Na Oceania, a Nova Zelândia e a Austrália destacam-se na produção e consumo deste alimento.
País
|
Consumo (kg/habitante/ano) – Em 2009
|
República Centro Africana
|
3,80
|
Grécia
|
1,5
|
Angola
|
1,40
|
Nova Zelândia
|
1,00
|
Turquia
|
1,10
|
Alemanha
|
0,90
|
Portugal
|
0,70
|
Espanha
|
0,70
|
Austrália
|
0,60
|
Irã
|
0,60
|
França
|
0,60
|
Reino Unido
|
0,60
|
Estados Unidos
|
0,50
|
Canadá
|
0,70
|
Uruguai
|
0,60
|
Irlanda
|
0,30
|
Japão
|
0,30
|
Kuwait
|
0,20
|
México
|
0,30
|
China
|
0,20
|
Brasil
|
0,10
|
Argentina
|
0,10
|
Tabela 2 – Principais consumidores mundiais de mel em 2009 segundo a FAO
Fonte: Revista Destaque Rural nº 6, página 9.
Portanto, o mel e seus derivados têm uma importância fundamental em várias regiões geográficas do planeta, assim como internamente ao país e para muitos Estados produtores. Além dos aspectos econômicos relacionados com a sua produção, distribuição, comercialização, geração de trabalho e renda interna ou externa às regiões e áreas produtoras, o seu uso como alimento e fonte de energia em muitos lugares em situação de vulnerabilidade econômica, social e alimentar é essencial a estas comunidades. Também sua produção estimula a cooperação entre os produtores, geralmente pequenos agricultores familiares que se associam para garantirem melhores condições, inclusive de preservação das áreas e plantas essenciais às abelhas. Um impacto sobre a saúde das colmeias terá consequências imediatas na disponibilidade mundial deste produto, assim como de outros alimentos que necessitam da polinização realizada por estes insetos.
Referências:
- Especismo e ecocídio: o sumiço das abelhas. José Eustáquio Diniz Alves. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2013/09/18/especismo-e-ecocidio-o-sumico-das-abelhas-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
- Estudo mostra que pesticidas neonicotinóides e organofosfatos afetam o cérebro das abelhas. Disponível em: http://www.ecodebate.com.br/2013/03/28/estudo-mostra-que-pesticidas-neonicotinoides-e-organofosfatos-afetam-o-cerebro-das-abelhas/
- Desordem de colapso das colônias (Colony Collapser Disorder, CCD) derruba exportações de mel do Brasil. Janara Nicoletti. Disponível em:http://www.ecodebate.com.br/2013/09/10/desordem-de-colapso-das-colonias-colony-collapse-disorder-ccd-derruba-exportacoes-de-mel-do-brasil/
- Sinal de alerta. Fabiana Rezende. Revista Destaque Rural, ano I, nº 6, páginas 8-10, maio-junho/2014, Editora Riograndense. Tapejara/RS.
Antonio Silvio Hendges, Articulista no Portal EcoDebate, professor de Biologia, pós graduado em Auditorias Ambientais, assessoria em sustentabilidade em educação ambiental – www.cenatecbrasil.blogspot.com.br
Fonte: EcoDebate
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