quarta-feira, 4 de julho de 2012

Projeto que cria santuário de baleias é derrubado

Defendida pelo Brasil, proposta é vetada na reunião anual da Comissão Internacional Baleeira; organizações criticam falta de esforço diplomático


Os 38 votos a favor da criação do Santuário Atlântico Sul foram insuficientes e o projeto para proteger as baleias na região entre a América do Sul e a África, que há 12 anos é apresentado pelo País, foi vetado ontem na reunião anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB), que ocorre nesta semana na Cidade do Panamá.

A aprovação da área de proteção dependia de 75% de votos favoráveis - com 21 países contrários e 2 abstenções, o índice ficou em 65%. Representantes de organizações ambientais criticam uma suposta falta de esforço diplomático frente ao lobby de países caçadores de baleias, liderado pelo Japão.

Para Leandra Gonçalves, do SOS Mata Atlântica, o santuário não sairá do papel enquanto não houver transparência na votação. "Foram 21 votos contra, mas apenas 3 países (Japão, Islândia e Noruega) realmente têm essa posição. O restante é de países menores, que têm seus votos comprados", acusa a ambientalista, coordenadora do Programa Costa Atlântica.

Segundo ela, o maior avanço para este ano havia sido jogar a votação para o início da discussão. Sem uma campanha forte da diplomacia brasileira antes da reunião, no entanto, não houve a adesão esperada. "Todos os anos, a maioria simples vota a favor. Mas, neste ano, se olharmos para o governo brasileiro, houve retrocesso. O País sempre mandou muitos representantes, mas durante as prévias faltou esforço para reforçar a campanha", afirmou Leandra.

A opinião é compartilhada por Truda Palazzo, diretor do escritório brasileiro do Centro de Conservação Cetácea, que acompanha a discussão no Panamá.

"Está claro que o governo do Brasil não está fazendo a sua parte para conseguir esses votos faltantes. Muitos países do Caribe e África têm relações bilaterais fortes com o Brasil, mas não se consegue que o Itamaraty ou mesmo a Presidência eleve o nível das gestões para se conseguir esses votos", afirma Palazzo. "Como um dos idealizadores da proposta, em 1998, estou indignado com esse desleixo do País com o tema. Dá a impressão de que o compromisso do Brasil com o tema é meramente 'diplomacia ornamental'."

O governo brasileiro nega ter diminuído os esforços para a criação do santuário e alega "questões burocráticas" para a baixa representatividade do País no evento - segundo o Ministério do Meio Ambiente, há apenas um técnico do órgão acompanhando as discussões na Cidade do Panamá.

Nova discussão. Nos próximos dias, outra resolução bastante aguardada deve entrar na pauta. Ela se refere à participação da Organização das Nações Unidas (ONU) na questão da caça científica promovida no Santuário de Baleias do Oceano Antártico. "Não acredito em novas votações para os próximos dias, mas essa é uma questão importante", afirma Leandra Gonçalves. "É preciso barrar a matança promovida pelo Japão, pois não é preciso matar para se fazer experiências científicas."

Fonte: O Estado de São Paulo

Cursos de férias - Julho de 2012

Em julho, várias universidades e outras instituições de ensino oferecem cursos com duração de um mês. Muitos deles são gratuitos ou de baixo custo e atentem a todo tipo de estudante. Quem quiser aproveitar o mês das férias para se agarrar às oportunidades de crescimento profissional, pode se inscrever em um deles.

A Universidade de Guarulhos, em São Paulo, recebe até o dia 10 de julho as inscrições para os cursos de férias profissionalizantes. Há vagas para as áreas de administração, contabilidade e negócios, arte, cultura, esporte, biologia, meio ambiente, comunicação, direito, justiça, cidadania, educação, saúde, bem-estar, tecnologia e informática.

Leia mais notícias de Educação
As aulas acontecem entre os dias 14 e 28 na própria universidade. O investimento é de R$ 30 reais para todos os cursos.

Fonte: Portal R7

Nota do Blog: há vários cursos na área de Biologia.

Para saber mais dos cursos disponibilizados pela UNG, acesse:  

Vídeo de Conscienti​zação sobre Dengue e Meio Ambiente

O vídeo intitulado "Preservando a saúde e a natureza" mostra como uma garota trata com descaso a natureza ao jogar um copo descartável fora do lixo. Mas ela sente na pele a consequência de seus atos: adoece de dengue. Apesar dessa dura experiência ela aprende e nos ensina a agir de forma correta. 

Ótimo para mostrar aos alunos!

http://www.youtube.com/watch?v=sZbkSNyT_R8

Nissan desrespeita leis brasileiras e constrói sua fábrica em área de preservação ambiental do Rio de Janeiro

Nos últimos anos a economia brasileira tem apostado todas as suas fichas na produção e consumo de carros para manter o capital brasileiro circulando e diversas montadoras estão trazendo suas fábricas para o Brasil para aproveitar o bom momento. A princípio essa migração gera empregos e é algo bom. Mas a equação nem sempre dá resultado positivo. Todo empreendimento deve ter seu impacto estudado e avaliado para verificar se os ganhos realmente compensam os danos que serão causados. Cabe ressaltar que os ganhos devem ser sociais e não meramente econômicos.
O Estado tem papel fundamental na determinação do equilíbrio entre os impactos positivos e negativos dos empreendimentos. A Nissan, empresa japonesa, está construindo uma nova fábrica de carros e, para isso, está aterrando a Lagoa da Turfeira, uma área de preservação ambiental. Este novo empreendimento está deixando uma marca de destruição no município de Resende, Rio de Janeiro. O secretário municipal de Planejamento, Alfredo de Oliveira, informou que a Nissan já havia sido notificada sobre a faixa de 50 metros de área protegida no entorno da lagoa. Mas parece que os japoneses não estão dando a mínima para a legislação brasileira.

Vale lembrar que lagoas são caracterizadas como áreas de preservação permanente, por isso são intocáveis. A Lagoa da Turfeira, mais conhecida como Banhado da Kodak, é um caso ainda mais crítico. Esta é uma das últimas grandes áreas úmidas da região sul fluminense e um estudo registrou mais de 170 espécies de aves silvestres no local, dentre elas diversas espécies estão ameaçadas de extinção, demonstrando que a lagoa representa um importante refúgio para manutenção dessas vidas.
Durante os dez dias que estive no Rio de Janeiro para a Rio+20 tive contato com diversas pessoas que estavam inconformadas com a situação do Banhado da Kodak. Eles não eram ambientalistas. Eram taxistas, vendedores e transeuntes em geral. Ninguém conseguia entender como a prefeitura de Resende e o estado do Rio de Janeiro não estavam tomando providências sobre o assunto. Sem uma resposta clara as pessoas suspiravam: “corruptos“.

O prefeito da cidade de Resende é José Rechuan (PP). A fiscalização deve ser feita pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), mas a responsabilidade da área é da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin). A Nissan contratou a WTorre para fazer a terraplenagem que esta sendo executada na região.

O mais cômico disso tudo é ler na área de sustentabilidade do site da WTorre “PRESERVAÇÃO DO PLANETA. A MAIOR OBRA DA HUMANIDADE.”, em caixa alta. Além disso, “Para a WTORRE, o compromisso com a sustentabilidade se manifesta na gestão de seus negócios e de suas ações.”.

Fonte: Atitude Eco

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Jane Goodall fala do que nos separa dos macacos

Jane Goodall ainda não encontrou o elo perdido, mas chegou mais perto do que ninguém. A primatologista diz que a única verdadeira diferença entre humanos e chimpanzés é a nossa linguagem sofisticada. E incita-nos a usá-la para mudar o mundo.

Assista sua palestra (legendada) acessando o link:

Brasileiro consome cinco quilos de agrotóxicos por ano, mostra estudo divulgado na Cúpula dos Povos

Vladimir Platonow
Agência Brasil

Rio de Janeiro – A venda de agrotóxicos no Brasil em 2010 teve um aumento de 190% em comparação a 2009. Isso significa que cada brasileiro consome cerca de cinco quilos de venenos agrícolas por ano. Os dados fazem parte de um estudo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), baseado em informações disponibilizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O estudo foi apresentado hoje (16) na Cúpula dos Povos pela médica sanitarista Lia Giraldo da Silva Augusto, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Ela credita o aumento na venda dos agrotóxicos ao bom momento do mercado agrícola, puxado principalmente por uma forte demanda chinesa. O produto que mais recebe venenos é a soja transgênica, que precisa do glifosato para produzir, em um tipo de “venda casada”, explicou a pesquisadora.

“Este ano a Abrasco decidiu construir um dossiê sobre o tema do agrotóxico e os impactos na saúde e no meio ambiente. O trabalho marca os 40 anos de Estocolmo [primeira conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente], os 20 anos da Eco92 e os 50 anos do lançamento do livro Primavera Silenciosa, de Rachel Carson.”

Segundo a médica, o uso de agrotóxicos no Brasil faz parte do modelo produtivo adotado na agricultura nacional. “Este modelo da agroindústria é todo sustentado no pacote da revolução verde, que é baseada em uma agricultura químico-dependente. O agrotóxico é parte desse modelo. Por causa disso, desde 2008 o Brasil ocupa o primeiro lugar no consumo de agrotóxicos, segundo dados levantados pela Abrasco na Anvisa.”

Os dados podem ser acessados na página da Abrasco.

Fonte: Amarnatureza.org.br - http://amarnatureza.org.br/site/brasileiro-consome-cinco-quilos-de-agrotoxicos-por-ano-mostra-estudo-divulgado-na-cupula-dos-povos,82513/

A intrigante comunicação das bactérias

Até há bem pouco tempo ninguém imaginava que as bactérias conversassem entre si, muito menos de um modo capaz de alterar seu comportamento.

por Marguerite Holloway
É de manhã bem cedo e Bonnie L. Bassler atravessa o campus da Princeton University. Ela vem direto da aula de aeróbica que dá toda manhã, às 6:15 - "Levanto exatamente às 5:42, nem um minuto antes, nem um minuto depois", diz, enfática. Bassler fala quase tudo com a mesma energia, e, quando a conversa passa para seu trabalho, ela fica, se é que isso é possível, ainda mais dinâmica. "Não fui feita para ficar parada no tempo", ri. "Fui feita para ser um furacão."

Bassler - professora de biologia molecular, ganhadora de um prêmio em 2002 pela MacArthur Foundation, e ocasionalmente atriz, dançarina e cantora - tem 41 anos e estuda as bactérias e o modo como elas se comunicam entre si e com outras espécies. O "quorum sensing", como o fenômeno é chamado, algo como percepção de quórum, é uma ciência jovem. Até há bem pouco tempo ninguém imaginava que as bactérias conversassem entre si, muito menos de um modo capaz de alterar seu comportamento. Bassler tem tido um papel fundamental na rápida ascensão dessa área. Ela decifrou alguns dos dialetos - mecanismos genéticos e moleculares que diferentes espécies usam - mas é mais conhecida por ter identificado o que pode ser uma linguagem universal compartilhada por todas as espécies, algo a que ela se referiu, bem-humorada, como "esperanto bacteriano".

Como o nome sugere, o quorum sensing descreve como cada bactéria percebe quantas outras há nas redondezas. Se há presença suficiente (quórum), elas podem pôr mãos à obra imediatamente ou decidir "enrolar" mais um pouco. Milhões de bactérias luminescentes são capazes de decidir emitir luz ao mesmo tempo para que seu hospedeiro, uma lula, por exemplo, brilhe - talvez para distrair predadores e fugir. Ou bactérias salmonela podem resolver esperar até que seus batalhões estejam organizados antes de liberar uma toxina que faça o hospedeiro adoecer; se agissem como assassinos independentes, em vez de atuarem como exército, o sistema imunológico provavelmente as eliminaria. Pesquisadores mostraram que as bactérias também usam o quorum sensing para formar a placa bacteriana sobre os dentes, corroer cascos de navios e controlar a reprodução e a formação de esporos.

Se realmente for assim, as implicações são enormes. O quorum sensing nos remete à evolução. Talvez as primeiras bactérias tenham se comunicado, depois se organizado de acordo com diferentes funções e, finalmente, formado organismos complexos. De forma mais prática, o quorum sensing dá à medicina uma nova estratégia: se destruirmos o sistema de comunicação de bactérias perigosas, como o enterococo resistente a antibióticos, talvez elas não consigam organizar seu ataque com eficiência. Nas palavras de Bassler, "você tanto pode torná-las surdas como mudas".

O estudo do quorum sensing tem suas raízes nos anos 70. Dois cientistas - J. Woody Hastings e Ken H. Nealson - descobriram que uma bactéria marinha, Vibrio fischeri, só produzia luz quando sua população atingia certa número. Se havia poucas bactérias, elas não ficavam bioluminescentes. Os dois pesquisadores especularam que as bactérias produziam um sinal - chamado por eles de auto-indutor - que gritava "Estamos aqui, estamos aqui". Quando o volume da gritaria aumentava o bastante, o conjunto brilhava. Em 83, Michael R. Silverman, então no Agouron Institute em La Jolla, Califórnia, e um colega, identificaram os genes do auto-indutor e do receptor da V. fischeri.

Bassler começou a trabalhar com Silverman em 1990, depois de concluir seu doutorado na Johns Hopkins University. Ela decidiu se concentrar em outra bactéria marinha luminosa, V. harveyi, para descobrir se seu sistema de sinais era semelhante. Trabalhou criando bactérias mutantes - desativando um gene aqui, outro ali, para ver se conseguia identificar qual fazia a bactéria se iluminar na presença de companheiras. "Você apaga a luz da sala e procura aquelas que estão apagadas quando deviam estar iluminadas e vice-versa. É genética para imbecis", ironiza. Bassler encontrou os genes do auto-indutor e do receptor da V. harveyi.

Ela também descobriu algo surpreendente. Se retirasse esses dois genes e colocasse a V. harveyi modificada em companhia mista - isto é, perto de grupos de espécies diferentes de bactérias - , ela brilhava. "Soube então que havia um segundo sistema", lembra. As bactérias "não têm espaço em seu genoma para ser burras, então deveria haver um propósito específico para esse sistema". As bactérias diferentes estavam emitindo alguma coisa a que a V. harveyi estava respondendo. Bassler chamou essa alguma coisa de auto-indutor dois (AI-2).

Em 94, quando o campo do quorum sensing começava a crescer, Bassler foi para Princeton. Com o tempo, ela e outros mostraram que o quorum sensing deflagra a liberação de toxinas por bactérias como a V. cholerae. E descobriram que cada bactéria testada tinha seu próprio auto-indutor, que usava para se comunicar com seus pares. Bactérias gram-negativas como a Pseudomonas aeruginosa usam várias versões de moléculas AHL (acil-homoserina-lactonas); bactérias gram-positivas como Staphylococcus aureus usam peptídeos.

Mas a maioria das bactérias analisadas por Bassler também usava AI-2. Até 97, "vimos que todas aquelas bactérias usavam essa molécula, e não só bactérias malucas e esquisitas do oceano. Então imaginamos que as bactérias deviam ter um jeito de se reconhecer entre as outras." Para Bassler, a idéia de que bactérias diferentes conversam faz todo sentido. Há 600 espécies de bactérias nos nossos dentes todas as manhãs, e elas formam exatamente a mesma estrutura toda vez: essa vem depois daquela, aquela depois daquela outra", diz. “Pareceu-nos que simplesmente não dá para fazer isso se a única coisa que você puder detectar for você mesmo. Tem de conhecer `o outro`.”

Bassler e seus alunos partiram para purificar e caracterizar o AI-2. Finalmente conseguiram. O AI-2 é uma formação incomum - um açúcar com um boro no meio. "O que é incrível nessa molécula é que é a primeira da história a ter uma função biológica para o boro. Da história!", exclama Bassler.

Atualmente Bassler e seus colegas estão tentando determinar se o AI-2 é realmente uma molécula que trabalha sozinha como sinal ou se combina com outras moléculas para criar "linguagens" ligeiramente diferentes. Se for a última opção, nada de esperanto. "O trabalho dela é realmente fantástico", diz o microbiologista Richard P. Novick, da New York University. "Mas há controvérsia sobre de onde [o AI-2] vem e por quê. E sua atuação em sistemas diferentes não está clara."

Alguns cientistas também acreditam que certos aspectos do quorum sensing - mas não as descobertas de Bassler - possam ter recebido uma interpretação forçada. “As bactérias querem se comunicar ou isso acontece apenas por acidente?”, pergunta Stephen C. Winans, microbiologista da Cornell University. "Essa idéia deu por certo que as bactérias querem se comunicar entre si. Pode ser bom demais para ser verdade."

A energia de Bassler - seu amigo e mentor Silverman a descreve como "extremamente motivada", "sempre numa caçada" e "simplesmente feroz" - sugere que ela vai conseguir ouvir até a última palavra das bactérias. Por enquanto, continua concentrada em entender o AI-2. "Quero que tudo seja uma coisa só, por isso tenho certeza de que está errado", diz. "Quero que seja uma coisa só porque é melhor se você quiser fazer uma droga, certo?" Bassler é uma entre vários pesquisadores de quorum sensing que trabalham para empresas no desenvolvimento de medicamentos. Em 1999 ela formou a empresa Quorex com um ex-colega de Agouron. Apesar de sua participação estar atualmente limitada, ela tem esperança de que a iniciativa encontre novos antibacterianos. "Essa era realmente uma ciência considerada alternativa", diz Bassler. "Agora é essa área extraordinária, que nem mesmo existia 10 anos atrás."

Fonte: Scientific American Brasil / UOL

O urutau é migratório no S e SE?

Por Octavio Campos Salles


Lembro quando morava em um bairro mais afastado de Campinas, em Barão Geraldo, que nas noites quentes de verão era comum ouvir o melancólico e meio fantasmagórico canto do urutau (Nyctibius griseus), também conhecido como mãe-da-lua. Com o tempo eu achei dois urutaus que praticamente todo dia dormiam nas mesmas árvores, permanecendo absolutamente imóveis durante o dia, fingindo ser um galho quebrado. Durante a noite eles saiam para caçar mariposas e outros insetos grandes, utilizando poleiros em locais mais abertos.

Mas com a chegada dos meses mais frios os urutaus simplesmente sumiam. Não ouvia mais seus cantos e nem os bichos estavam lá nas árvores de sempre. Simplesmente desapareciam repetinamente, apenas para voltar nos exatos mesmos galhos no verão seguinte. Na hora eu já saquei que provavelmente eles migravam, principalmente quando fui pro Pantanal em Junho e Julho e vi muitos urutaus lá. É até de se entender a migração, afinal essa ave depende de grandes insetos voadores para sobreviver, e esses grandes insetos simplesmente desaparecem daqui da região no inverno, pelo menos a grande maioria. Se o urutau ficasse aqui, possivelmente passaria fome.



De vez em quando comentava isso com amigos ornitólogos e alguns eram meio céticos, até porque não existe nada na literatura que confirme isso, pelo contrário, no Handbook of the Birds of the World por exemplo fala que a aparente ausência de urutaus na região Sul no inverno deve ser devido ao fato do bicho parar de cantar, e não uma migração. Resolvi analisar isso um pouco mais a fundo, por curiosidade, e fiz uma rápida pesquisa de registros da espécie no Wikiaves. O site, apesar de não ter rigor científico, já possui um número amostral tão grande feito por seus inúmeros usuários que pode sim servir como base pra estudos desse tipo.

O que eu vi não foi uma surpresa pra mim. Praticamente todos os registros nos estados do RS e SC são de setembro a abril, com a maioria dos registros entre outubro e fevereiro. Há um único registro isolado de julho para o norte do RS (que deve ser confirmado, a data da câmera pode estar errada) e um registro de maio para SC. A tendencia geral, no entanto, mostra claramente que a espécie some nos meses mais frios.

No PR há somente um registro para o início de maio, todos os outros são de setembro a abril. Novamente a tendencia se confirma.

Em SP, apesar de manter a forte tendência de registros apenas nos meses quentes, em especial no sul e leste do estado (Campinas inclusive), começam também a aparecer mais registros em maio e até junho, em especial no oeste do estado, região notadamente mais quente. Já em estados como GO e MS, os registros ocorrem o ano todo.



Esses dados sugerem sim que a espécie é de fato migratória na região sul e pelo menos parcialmente migratória em SP e possivelmente RJ e sul de MG, com a grande maioria dos indivíduos deixando a área durante o inverno, provavelmente migrando para o norte ou centro-oeste. Não acredito também que isso seja na verdade um reflexo de um número menor de registros devido ao fato da espécie não vocalizar nos meses frios, pois a maioria das fotos são feitas durante o dia, quando a espécie não vocaliza mesmo. Bom, passo a bola pros biólogos. Eu tenho como quase certo que o urutau é sim migratório nas populações mais ao sul, o que seria o primeiro caso confirmado de migração na família Nyctibiidae, mas, claro, isso deve ser confirmado com estudos mais cuidados.


Morre o Solitário George: desaparece mais uma espécie em Galápagos, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Por José Eustáquio Diniz


O Solitário George (Lonesome George) em foto de 2006, na Wikipedia

O Solitário George morreu no dia 24 de junho de 2012, dois dias depois do término da Rio + 20. Era o último indivíduo, macho, da subespécie “Chelonoidis nigra abingdoni” de tartarugas gigantes. Lonesome George (nome em inglês) foi descoberto na Ilha de Pinta, no arquipélago de Galápagos, em 1972. Ele era o “Último dos Moicanos”, ou seja, ele era o último exemplar da sua espécie.

O solitário George tornou-se parte de um programa de procriação no Parque Nacional de Galápagos. Durante 15 anos, ele viveu ao lado de uma tartaruga fêmea vinda de um vulcão próximo. Houve acasalamento, mas os ovos não eram férteis. Da mesma forma, ele compartilhou seu espaço com tartarugas fêmeas da Ilha de Espanhola, mas foi biologicamente incapaz de procriar e deixar descendentes.

As tartarugas eram abundantes no arquipélago de Galápagos até o século XIX. As suas diferenças físicas foram um dos elementos usados por Charles Darwin para formular a Teoria da Evolução. Cada ilha de Galápagos tinha a sua espécie própria de tartaruga terrestre. As espécies se diferenciavam à medida em que se adaptavam às condições naturais de cada ilha, propiciando uma riqueza biológica sem comparação.

Mas a maravilha da evolução foi interrompida por uma “espécie invasora” que começou a caçar os indefesos animais, não só para o consumo da carne, mas também para o uso energético. Quito, Guayaquil e outras cidades do Equador utilizavam o óleo de tartaruga para iluminar as casas e as ruas da civilização humana. Como as tartarugas fêmeas eram menores e mais fáceis de carregar, elas foram dizimadas primeiro.

O Solitário George era o símbolo que servia de denúncia contra uma matança indiscriminada que reduziu a biodiversidade de Galápagos. Ele foi o último exemplar vivo de uma espécie que foi vítima do crime de ecocídio. Mas, infelizmente, ele não foi o último mártir, pois este crime continua fazendo milhares de vítimas pelo mundo afora. Para salvar as espécies e a biodiversidade o ecocídio precisa ser erradicado, antes que seja tarde.

Há exatamente um ano, estive no arquipélago de Galápagos e conheci o Solitário George. Foi muito triste ver um indivíduo solitário e centenário, vivendo isolado num parque, sabendo que suas companheiras foram mortas por conta da ganância humana. É muito triste receber a notícia de que este indivíduo morreu e mais uma espécie foi extinta. É mais triste ainda saber que este não será o último solitário a morrer e que diversas outras espécies estão sendo desaparecendo e trilhando o mesmo destino, com a mesma causa mortis.

*José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

Fonte: EcoDebate
http://www.ecodebate.com.br/2012/06/29/morre-o-solitario-george-desaparece-mais-uma-especie-em-galapagos-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

Militar diz que animais eram usados na tortura nos anos 1970

Cinco filhotes de jacaré e uma jiboia foram usados, na primeira metade dos anos 1970, para torturar os presos políticos levados para a carceragem do Pelotão de Investigações Criminais (PIC) do I Exército, na Rua Barão de Mesquita, na Tijuca, onde também funcionava o Destacamento de Operações de Informações (DOI). O tenente-coronel reformado Paulo Malhães, de 74 anos, na época lotado no DOI, disse que os animais eram dele e foram capturados no Rio Araguaia, na Região Amazônica, durante a campanha militar contra a guerrilha do PC do B.

Malhães, que usava o codinome “doutor Pablo” na repressão, contou ao jornal O Globo como funcionava um aparelho clandestino montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) em Petrópolis. Na literatura dos anos de chumbo, o lugar ficou conhecido como “Casa da Morte”, de onde só teria saído com vida um dos mais de 20 presos políticos que passaram por lá, a ex-militante da VAR-Palmares e VPR Inês Etienne Romeu. O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, ministro Gilson Dipp, anunciou que pretende ouvir Malhães.

“Contamos com a boa vontade da parte dele para reconstruir os fatos. É preciso lembrar que a comissão não tem caráter judicial e nem punitivo. Então, eu lhe ofereço essa garantia. Ele não precisa temer consequências”, disse Dipp.

Fonte: Jornal Pequeno
http://www.jornalpequeno.com.br/2012/6/26/militar-diz-que-animais-eram-usados-na-tortura-nos-anos-1970-201891.htm

MPF/PA investiga denúncias de imperícia da Norte Energia em santuário da tartaruga amazônica no Xingu

Empresa terceirizada é acusada de ocultar dados dos pesquisadores da região e de causar a morte de milhares de filhotes ao fazer manejo inadequado no Tabuleiro do Embaubal


O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) abriu mais uma investigação sobre a Norte Energia, responsável pelas obras de Belo Monte, por causa de denúncias de imperícia de uma empresa subcontratada, a Biota Soluções Ambientais, que teria causado a morte de milhares de filhotes de tartaruga no Tabuleiro do Embaubal, conjunto de praias sazonais do rio Xingu, entre os municípios de Vitória do Xingu e Senador José Porfírio. O Tabuleiro é considerado a maior área de reprodução da espécie tartaruga amazônica (Podocnemis expansa).

A Biota deveria garantir o manejo correto dos ninhos de tartaruga evitando as ameaças – causadas por fatores naturais ou por atividade humana - mitigando os impactos das obras de Belo Monte e salvando os filhotes ameaçados para garantir a reprodução da espécie. Em vez disso, está sendo acusada pelo professor Juarez Pezzuti, da Universidade Federal do Pará, um dos maiores especialistas do país em tartarugas amazônicas, de ter causado a morte de milhares de filhotes por total desconhecimento sobre os métodos de manejo adequados no Tabuleiro.

A Biota atuou em 2011 como parte das condicionantes de Belo Monte e a expectativa dos pesquisadores e técnicos que anualmente acompanham o manejo das tartarugas na época da reprodução era de que a temporada seria uma das melhores, com a contratação de ajudantes, locação de lanchas e combustível para o trabalho. “Mas nos deparamos com uma equipe agindo independentemente, recusando-se a interagir e negando-se a fornecer informações indispensáveis para o andamento do próprio manejo, alegando que tinha obrigação contratual de manter absoluto sigilo sobre suas atividades e reportando-se única e exclusivamente à sua contratante, a Norte Energia”, diz a denúncia assinada por Pezzuti.

Mortandade - Todos os anos, mais de um milhão de ovos de tartaruga são depositados no Tabuleiro do Embaubal na época de reprodução. Mas a ocupação desordenada das praias, o desmatamento, a intensa atividade predatória – sobretudo de urubus – e o alagamento dos ninhos com a subida da maré do rio provocam a morte de um percentual expressivo desses filhotes.

O equilíbrio na população de tartarugas tem importância vital para o ecossistema da região e sua diversidade biológica, assim como para a manutenção do padrão alimentar das populações ribeirinhas do rio Xingu. Por isso, durante 30 anos, o antigo IBDF, posteriormente o Ibama, o Programa Quelônios da Amazônia e depois a prefeitura de Senador José Porfírio foram responsáveis pelo manejo no Tabuleiro, identificando os ninhos e salvando os filhotes ameaçados.

O trabalho é delicado e exige precisão e conhecimento da espécie: os filhotes que estão em ninhos na área mais baixa das praias precisam ser retirados com rapidez, antes da subida da maré do Xingu, assim como aqueles mais sujeitos ao ataque de urubus. Técnicos e pesquisadores precisam percorrer as praias cautelosamente, para evitar que o terreno se torne muito compacto e impeça as tartaruguinhas de saírem dos ninhos.

Com o início das obras de Belo Monte e o impacto crítico que o empreendimento terá sobre as populações de quelônios, o monitoramento desse animais tornou-se objeto de seis condicionantes impostas pelo Ibama e, a partir de 2011, o manejo deveria contar com o apoio da Norte Energia S.A, através da subcontratada, a Biota. E de acordo com as denúncias investigadas pelo MPF, a imperícia da empresa teria causado o dobro de mortes de filhotes por predação de urubus: foram 5 mil em 2010 e 10 mil e 2011.

Além disso, procurados pela prefeitura de Senador José Porfírio, os técnicos da Biota se recusaram a fornecer qualquer informação sobre a temporada de desova, alegando contrato de sigilo com a Norte Energia. “Em suma, ao invés da prefeitura poder contar com o justo apoio do empreendedor, determinado no âmbito do próprio licenciamento e considerando a intensificação da pressão sobre as tartarugas em decorrência do próprio empreendimento, esta se depara com um braço do empreendedor agindo a seu bel prazer, administrando por conta própria um patrimônio natural como o Tabuleiro do Embaubal”, diz a denúncia de Pezzuti.

Fiscalização – Além da investigação sobre o manejo da reprodução nas praias do Embaubal, o MPF também acompanha a fiscalização dos órgãos ambientais contra a captura ilegal das tartarugas, que alcançam valor comercial maior justamente no período de reprodução, porque os ovos são apreciados como iguaria culinária na região amazônica. A fiscalização percorrerá as praias que formam o Tabuleiro em caráter permanente na próxima temporada de reprodução.

Em acordo assinado no último dia 13 de junho, Ibama e Secretaria de Meio Ambiente do Pará, com apoio da Secretária de Meio Ambiente do município de Senador José Porfírio, concordaram em permanecer no Tabuleiro entre os meses de julho de 2012 e janeiro de 2013. Pelo acordo, a Sema será responsável por fiscalizar a captura ilegal de quelônios nos meses de julho, setembro e novembro e o Ibama fiscalizará nos meses de agosto, outubro e dezembro.


Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
(91) 3299-0148 / 3299-0177
ascom@prpa.mpf.gov.br
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Fonte: Ministério Público Federal do Pará
http://noticias.pgr.mpf.gov.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_meio-ambiente-e-patrimonio-cultural/mpf-investiga-denuncias-de-impericia-da-norte-energia-em-santuario-da-tartaruga-amazonica-no-xingu

5 dicas para procurar emprego



Esteja trabalhando atualmente ou não a busca por um novo emprego é algo que deve ser feito continuamente, pois o mercado está cada vez mais dinâmico e instável e, portanto, quem ficar parado esperando para ver o que vai acontecer ficará obsoleto e desatualizado.
Porém, procurar um emprego nos dias de hoje é algo diferente, pois requer algumas técnicas e posturas diferentes de décadas atrás. Para facilitar neste processo escrevo abaixo 5 dicas para procurar emprego.
MUDANÇA DE MENTALIDADE
O primeiro passo é entender que "seu novo emprego" é procurar emprego. Portanto, é necessário uma postura focada nesta atividade. Usar as horas do dia para esta finalidade, como se estivesse trabalhando normalmente.
FOCO
Definir o que você quer profisisonalmente. Analisando sua experiência e formação acadêmica orientar sua busca de vagas para oportunidades compatíveis com elas. Evitar dispersar ou, na linguagem popular, "atirar para todos os lados". Comece com ações direcionadas para o que você realmente deseja.
NETWORKING
Seus contatos, amigos e conhecidos são importantes neste momento, pois podem ajudar a encontrar o emprego desejado. Ative sua networking sem vergonha de dizer o que busca.
CURRÍCULO
É básico, mas tem gente que esquece de atualizar o currículo. Outro cuidado fundamental é torná-lo objetivo e focado. Lembre-se que quem irá ler e analisar já recebe tantos outros e, portanto, quer ver informações úteis sobre você e que possam acrescentar a empresa algo positivo.
AUTO-ESTIMA
Manter o bom humor, cuidar da aparência e agir de forma positiva é elementar para este momento. Nem sempre é fácil, mas é um exercício pessoal que deve fazer parte deste processo e também para depois de empregado.
Muitas oportunidades profissionais acontecem por afinidade com o empregador ou a impressão positiva que um candidato deixa na hora de uma entrevista ou na entrega de um currículo.
Cuide-se.

Projeto inclui corais entre áreas de preservação permanente

A Câmara analisa o Projeto de Lei 3855/12, do deputado Sarney Filho (PV-MA), que inclui os recifes de coral entre as áreas de preservação permanente, nas quais é proibida a pesca amadora e comercial e quaisquer atividades que possam causar sua degradação ou destruição.

Segundo o deputado as únicas formações relevantes de corais do Atlântico Sul estão no Brasil, mas a expansão imobiliária no litoral, o turismo predatório e a indústria estão causando severos danos aos recifes.

“Além desses danos causados por ação humana direta, os corais enfrentam outra ameaça grave, denominada ‘branqueamento’, um fenômeno associado a vários estresses, especialmente o aumento das temperaturas das águas do mar causado pelo aquecimento global”. O branqueamento severo e prolongado pode conduzir a uma mortalidade do coral em grande escala.

Tramitação
O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Leia a proposta na íntegra:


Fonte: Agência Câmara de Notícias - Câmara dos Deputados

Inpa disponibiliza biblioteca de sapos amazônicos na internet


A Sapoteca propõe expor em diferentes tipos de mídias - notas bibliográficas, áudios, fotografias, vídeos e gravações sonoras – informações sobre espécies de sapos da Amazônia



Com o avanço das tecnologias e o crescimento do fluxo de informações disponíveis na Rede Mundial de Computadores, o internauta passou por uma série de modificações no cenário que constitui a busca por informações. As estruturas físicas das bibliotecas deram lugar ao sistema de consultas online, tornando o processo de pesquisa muito mais prático e interativo.

No campo científico, os pesquisadores deram um novo sentindo para o conceito das bibliotecas. Agora, os internautas poderão consultar informações sobre sapos em uma plataforma online. Com uma proposta que integra inovação e tecnologia, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (INCT/CENBAM), coordenado pelo pesquisador do Instituto, William Magnusson, passou a dispor na rede uma espécie de “biblioteca de sapos”, intitulada “Sapoteca”.

A coleção tem como intuito principal fornecer uma ferramenta permanente, que possa ser utilizada por cientistas e professores em suas atividades de pesquisa e ensino, preencher lacunas da curiosidade dos amantes da herpetologia, área da zoologia dedicada ao estudo dos répteis e anfíbios, além de atender o público em geral com informações sobre a comunicação acústica dos sapos amazônicos.

De acordo com o bolsista do Programa de Capacitação Institucional (PCI) do Inpa, Pedro Ivo Simões, que faz parte do trabalho desenvolvido pela Sapoteca, a criação do espaço foi motivada para suprir a falta de conhecimento, visando auxiliar na identificação das espécies. “O que motivou a criação foi a dificuldade que as pessoas possuem em relação à identificação das espécies. Vários animais chegam para os pesquisadores já preservados, a partir de coleções. Já estão em álcool há muito tempo. Já perderam a cor, e você não sabe como cantam, ou seus hábitos. Nós tentamos unir e fornecer o máximo destas informações sobre algumas espécies. A ideia é ter uma plataforma multimídia, onde você tenha sons, vídeos e fotos disponíveis para cada uma delas, auxiliando as pessoas na identificação dos animais em campo”, explicou.

Arquivos compartilhados
A criação da Sapoteca teve início há aproximadamente três anos, durante o doutorado da pesquisadora Luciana K. Erdtmann, que coordenou o projeto sob orientação da pesquisadora do Inpa, Albertina Lima. As etapas iniciais buscaram digitalizar e organizar gravações de espécies da Amazônia brasileira, realizadas por pesquisadores do grupo e colaboradores, durante expedições a campo.

O passo seguinte envolveu resgatar informações sobre estas gravações, como o local onde foram realizadas, datas, equipamentos utilizados e atributos que podem alterar as características dos sons emitidos por sapos, como a temperatura do ar e tamanho corporal dos animais gravados.

Atualmente, informações sobre 40 espécies de sapos estão disponíveis na plataforma online da Sapoteca. Se o usuário busca confirmar uma identificação, ele pode procurar a espécie por seu nome científico, ou através de uma galeria de fotos, procurando o animal mais parecido com aquele que viu em campo. Para cada espécie listada, há uma página contendo foto, vídeo, sons para download, sonograma - gráfico que representa visualmente o som emitido pela espécie - e indicações de artigos científicos relacionados.

Além do acervo prontamente disponível na plataforma online, a coleção conta com mais de 500 arquivos de áudio e 30 vídeos catalogados, que podem ser acessados mediante contato com os curadores.

Difusão multimídia
Para Simões, a difusão dos estudos realizada por meio da plataforma multimídia pode modificar a falta de conhecimento da sociedade em relação a espécies que possuem sua importância na biodiversidade da região.  “É uma forma de tentar aumentar a conscientização sobre a diversidade de espécies que temos e que está em risco, seja por projetos de desenvolvimento, ou por desmatamento. Animais como mamíferos possuem um apelo muito maior, mas as pessoas ainda conhecem pouco sobre anfíbios ou répteis. São grupos dos quais as pessoas ainda têm um pouco de medo, desgosto ou receio. Esta é uma boa oportunidade para apresentar parte da biodiversidade que é desconhecida pela maioria da população”, enfatizou.

O bolsista de Iniciação Cientifica do Inpa, Emerson Pontes, acredita que a ferramenta poderá contribuir também nas questões que relacionam educação ambiental e os sapos da região. “Como ingressante na vida da pesquisa científica e educação ambiental sobre os anuros amazônicos, acho que a sapoteca trará grande contribuição para a popularização das informações não somente da comunicação acústica entre os nossos sapos, como também de toda a diversidade de anfíbios existente na região”, explicou.

Pontes afirma que a iniciativa ajuda a reverter uma situação comum, onde a sociedade não contribui na conservação dos sapos, por falta de conhecimento. “Existem muitos mitos e contos que prejudicam a conservação desses animais. Nesse sentido, oferecer à sociedade uma riqueza tão grande de cantos e seres, pode contribuir para amenizar tanto preconceito. Acho que é um dever da ciência sendo cumprido”, expõe.

A ação conta com o apoio do Programa de Pesquisas em Biodiversidade (PPBio) do Inpa, responsável pela concessão e manutenção do site. Além disso, o desenvolvimento do projeto, contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que mantém um bolsista permanente atuando na coleção, e com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Foto da chamada: Eduardo Gomes