Nos últimos anos a economia brasileira tem apostado todas as suas fichas na produção e consumo de carros para manter o capital brasileiro circulando e diversas montadoras estão trazendo suas fábricas para o Brasil para aproveitar o bom momento. A princípio essa migração gera empregos e é algo bom. Mas a equação nem sempre dá resultado positivo. Todo empreendimento deve ter seu impacto estudado e avaliado para verificar se os ganhos realmente compensam os danos que serão causados. Cabe ressaltar que os ganhos devem ser sociais e não meramente econômicos.
O Estado tem papel fundamental na determinação do equilíbrio entre os impactos positivos e negativos dos empreendimentos. A Nissan, empresa japonesa, está construindo uma nova fábrica de carros e, para isso, está aterrando a Lagoa da Turfeira, uma área de preservação ambiental. Este novo empreendimento está deixando uma marca de destruição no município de Resende, Rio de Janeiro. O secretário municipal de Planejamento, Alfredo de Oliveira, informou que a Nissan já havia sido notificada sobre a faixa de 50 metros de área protegida no entorno da lagoa. Mas parece que os japoneses não estão dando a mínima para a legislação brasileira.
Vale lembrar que lagoas são caracterizadas como áreas de preservação permanente, por isso são intocáveis. A Lagoa da Turfeira, mais conhecida como Banhado da Kodak, é um caso ainda mais crítico. Esta é uma das últimas grandes áreas úmidas da região sul fluminense e um estudo registrou mais de 170 espécies de aves silvestres no local, dentre elas diversas espécies estão ameaçadas de extinção, demonstrando que a lagoa representa um importante refúgio para manutenção dessas vidas.
Durante os dez dias que estive no Rio de Janeiro para a Rio+20 tive contato com diversas pessoas que estavam inconformadas com a situação do Banhado da Kodak. Eles não eram ambientalistas. Eram taxistas, vendedores e transeuntes em geral. Ninguém conseguia entender como a prefeitura de Resende e o estado do Rio de Janeiro não estavam tomando providências sobre o assunto. Sem uma resposta clara as pessoas suspiravam: “corruptos“.
O prefeito da cidade de Resende é José Rechuan (PP). A fiscalização deve ser feita pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA), mas a responsabilidade da área é da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin). A Nissan contratou a WTorre para fazer a terraplenagem que esta sendo executada na região.
O mais cômico disso tudo é ler na área de sustentabilidade do site da WTorre “PRESERVAÇÃO DO PLANETA. A MAIOR OBRA DA HUMANIDADE.”, em caixa alta. Além disso, “Para a WTORRE, o compromisso com a sustentabilidade se manifesta na gestão de seus negócios e de suas ações.”.
Fonte: Atitude Eco
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