quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Cartas de Berlim: uma alemã sozinha no Suriname em 1700


Por: Tamine Maklouf*
Há um tempo venho trabalhando em uma coleção de mulheres alemãs inspiradoras, só para o prazer do arquivo mesmo e para ajudar nas referências. Já tenho umas dezenas. É um hobbie que tenho, pois desde que comecei a “entender de Alemanha” me deparo com alguma mulher na história que fez alguma coisa incrível.
Fonte: http://www.zeit.de/2009/47/Vorbilder-Merian
Por exemplo: você é uma mulher de 56 anos, casada, mãe de duas filhas. Você é cientista com uma carreira consolidada, mas sente que sua missão é maior, quer buscar novos horizontes, talvez se embrenhar na floresta tropical. Você mora em Amsterdam e tem a ideia de passar uma temporada em uma pequena vila no Suriname, para intensificar suas pesquisas, sozinha, ou melhor dizendo, na companhia da sua filha mais nova. E dos índios, claro. O ano é 1700.
Como dizem na minha terra, “te mete!”

Ela se chama Maria Sibylla Merian e ontem mereceu um Doodle do Google em homenagem ao seu 366o aniversário, o que fez muitas pessoas lembrarem desta naturalista alemã ou então simplesmente vir a conhecê-la (como eu!).
Fonte: https://royaltecidos.squarespace.com/blog/242013
Nascida em Frankfurt em 1647, foi a primeira pessoa a observar e ilustrar cientificamente a metamorfose das borboletas. Sua obra mais famosa, a qual se dedicou inteiramente durante a temporada no Suriname, basicamente deu início à entomologia, ciência que estuda os insetos. Esta mulher à frente do seu tempo foi pioneira na observação sistemática destes serzinhos insignificantes (assim todos pensavam).
Fonte: http://microecos.tumblr.com/post/46952804699/genusspecies-by-maria-sibylla-merian-and
Antes da pequena revolução que Maria Sibylla causou no campo científico, acreditava-se que os insetos eram um erro, vinham de pântanos e nem se imaginava que as fascinantes borboletas tinham dupla identidade! Mas os resultados de suas observações mostraram que todas as borboletas já foram lagartas. Se isso não chocou a sociedade do século 18, eu não me chamo Tamine.
Fonte: http://www.nashturley.org/2013/03/23/pioneering-naturalist-maria-sibylla-merian/


Maria Sibylla Merian é tão importante para a história da Alemanha, que estampava a nota de 500 marcos alemães até 2002. Na verdade a ideia era colocá-la na nota de 100, usada mais frequentemente do que a de 500. Porém, escolheram uma outra alemã que julgavam mais “bonita”para ilustrar a nota que circularia mais: Clara Schumann. Mas sobre essa eu não vou falar hoje não.
 *Tamine Maklouf é jornalista e ilustradora nas horas vagas. Mora na Alemanha desde agosto de 2009, onde se encontra na “ponte terrestre” Dresden-Berlim. De lá, mantém o blog Anedotas da Batatolândia

Nenhum comentário:

Postar um comentário