Por Claudia Antunes
Elevado a um dos principais temas da Rio+92, o conceito de "economia verde" continua a semear divergências entre as delegações oficiais e representantes de organizações sociais presentes ao Riocentro, na zona oeste do Rio, onde a pré-conferência começou nesta quarta-feira.
Na coletiva de representantes de ONGs, o ativista Michael Strauss revelou sua rejeição à expressão ao se referir à "chamada economia verde" - que, para parte das ONGs ambientalistas, é apenas uma maneira de tornar o capitalismo mais palatável, sem mexer nos padrões de consumo que requerem uso intensivo de energia e criam desigualdade.
Strauss, que é coautor, com Maurice Strong, do livro "Only One Earth" (Apenas uma Terra), disse que vê pouco progresso na direção do desenvolvimento sustentável no texto oficial que vem sendo negociado pelas delegações governamentais.
A ONG Third World Network (TWN, ou Rede do Terceiro Mundo) também afirmou que os países em desenvolvimento temem que "economia verde" -termo debatido em meios acadêmicos, mas novo em negociações diplomáticas- venha a substituir o conceito de "desenvolvimento sustentável", consagrado na Eco-92, há 20 anos. Este foi definido como o modelo que satisfaz as necessidades humanas atuais "sem comprometer a capacidade das gerações futuras se desenvolverem".
O problema, segundo a TWN, é que o desenvolvimento sustentável tem três pilares -econômico, social e ambiental- e é justamente o "social" que pode ser perdido caso ele venha a ser trocado pelo novo termo. A União Europeia, por exemplo, está propondo que o documento final já defina metas apenas para o ambiente, sem incluir objetivos econômicos e sociais.
Luis Flores, da ONG Consumers International, disse que não tem problema com o conceito, e que espera que ele não venha a travar as negociações. "A economia deve ser um instrumento para o bem-estar. O importante é que ela trabalhe para os 99%", disse, numa referência ao slogan do movimento Ocupe Wall Street, que denuncia uma economia em que só 1% da população é beneficiada.
Fonte: Folha de São Paulo
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