quarta-feira, 20 de junho de 2012

Artigo: "O Poder e a Força"


Por Vilmar Berna


“O pessimista se queixa do vento. O otimista espera que ele mude. O realista ajusta as velas.” 

 William George Ward - Teólogo inglês



Tanto a RIO+20 (Evento Oficial - dos Governos) quanto a Cúpula dos Povos (Evento paralelo - da Sociedade civil), poderiam ser melhores, para favorecer o diálogo e a busca de consensos possíveis entre tantas utopias, promessas, sonhos diferentes. Humanamente foi impossível estar em todos os lugares, tendas, eventos, debates, palestras, lançamento de cartas, documentos, livros, exposição de tecnologias, tudo acontecendo ao mesmo tempo, em várias línguas, envolvendo milhares de pessoas.

Percebemos que a mudança para a sustentabilidade não só já começou, como a velocidade e o ritmo estão razoavelmente bons, mas não o suficiente para afastar de nós, definitivamente, o risco de um colapso ambiental global.

O grande ausente ainda é a maioria, que ouve falar dizer da RIO+20 como algo distante, como se não lhe dissesse respeito, como se houvesse coisas mais importantes a serem feitas e debatidas.

Os governantes, os empresários, a sociedade civil organizada sabem que têm o poder, cada um do seu jeito e com sua importância, mas quem de fato tem a força é a maioria. Essa mesma maioria silenciosa que, gostemos ou não, apoiou e retirou o apoio à escravidão, à Ditadura Militar, e, no passado, mandou crucificar Jesus. O desafio é ganhar esta maioria para a causa da sustentabilidade, fazer com que nas eleições só reconduzam ao poder os políticos que realmente comprovarem sinceridade nas promessas de sustentabilidade. Se isso acontecesse de fato, documentos e compromissos assinados na ECO92, na RIO+10, e que foram assinados agora, teriam garantia de serem cumpridos. Ainda estamos longe disso, mas a esperança é a última que morre. Os governantes sabem disso, e como estão em época de eleição em seus países, preferiram cancelar a vinda à RIO+20, por que sabem de que maioria precisam cuidar agora.

Entre milhares de pessoas, lideranças, governantes, empresários tinha de tudo, juntos e misturados. Tinha gente séria, tentando salvar o mundo, movida por interesses públicos e gente movida por interesses privados, de olho nos próprios lucros, patrocínios ou salários. Gente pouco séria tentando se divertir, gente falando a verdade, ou meias-verdades, ou mentindo descaradamente, gente vendendo produtos, ou idéias, gente se vendendo. Gente, afinal, com grandezas e misérias, como somos todos nós.

A RIO+20 não foi ponto de chegada, nem de partida. É parte de um processo de mudança. A sensação para quem participou é de estar fazendo história. E como esta não será uma vitória para uma única geração, mas de várias, é muito importante que os adultos de hoje prepararem as crianças e jovens - que serão os adultos de amanhã - para continuarem a luta.

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