quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Botânicos amadores no Brasil descobrem planta que faz genuflexão

Nova espécie foi encontrada na Bahia e tem como característica principal se curvar e enterrar suas sementes


Planta foi batizada de 'Spigelia genuflexa'

O trabalhador rural, José Carlos Mendes Santos, também conhecido como 'louro', descobriu uma nova espécie de planta no quintal da casa do botânico amador Alex Popovkin, localizada no nordeste da Bahia - área de importante biodiversidade brasileira.
 
Graças à energia solar e uma conexão de internet via satélite, ambos passaram a estudar tal planta e a manter contato com especialistas em taxonomia, até que ela fosse reconhecida cientificamente.
A nova espécie - que possui apenas 3 cm de altura e é dotada de flores esbranquiçadas - tem como característica principal a geocarpia, ou seja, um processo especial de frutificação em que a planta enterra suas sementes.
Depois que os frutos são formados, a espécie dobra seus ramos, fazendo uma genuflexão, e os deposita no solo, garantindo que as sementes fiquem o mais perto possível da planta-mãe. Isso ajuda o crescimento e facilita a propagação na próxima temporada. Um exemplo de planta que também enterra os frutos no chão é o amendoim.
A nova espécie foi nomeada 'Spigelia genuflexa' e aparece em artigo de livre acesso, publicado nesta semana na revista PhytoKeys.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

Observação do Blog: Recebi essa notícia via e-mail, através do Grupo do Yahoo "Proendemicas". Na mensagem haviam considerações bastante pertinentes do Engenheiro Agrônomo Celso do Lago Paiva, especializado em conservação biológica e pesquisador em botânico, as quais reproduzo abaixo.
 
"Pequena correção sobre o texto abaixo:
"Geocarpia" se refere à produção de frutos sob a superfície do solo, quer a planta enterre o óvulo fecundado (como faz o "amendoim" - Arachis), quer o florescimento ocorra no solo (como em Commelina benghalensis).

Quando a planta produz sementes aéreas e geocárpicas, diz-se que é espécie "anficárpica" (caso de Commelina benghalensis).

O termo "hipógea" (sob a terra") refere-se à existência de estruturas da planta no interior do solo. A grande maioria das espécies vegetais o é, devido ao sistema radicular, predominantemente subterrâneo.
    
Plantas podem produzir, no solo, raízes, flores e frutos, estruturas para simbiose com microrganismos, rizomas e outros ramos subterrâneos (como bulbos e cormos), estruturas para propagação vegetativa, etc.

Espécies geocárpicas e anficárpicas são especialmente abundantes e diversificadas em ambientes semiáridos ou semidesérticos, como no entorno do Mediterrâneo e no Oriente Médio, em diversas famílias.

O conhecimento aprofundado das estratégias de reprodução e de multiplicação das plantas nativas e das plantas exóticas invasoras é crucial para formulação de projetos de recomposição de áreas degradadas.

A genuflexão de ovários fecundados (frutos) é muito comum na natureza, sendo utilizada, por exemplo, para facilitar o acesso das aves aos frutos e às sementes ariladas, quando as aves pousam sobre os ramos. Flores patentes (abaixadas ou pendentes) são comuns, também, em plantas polinizadas por colibris; é o caso dos "brincos-de-princesa" (Fuchsia).
No Brasil a Botânica como atividade de amadores ainda é incipiente, mas na Europa e Japão é muito disseminada e respeitada, dado o nível alto dos pesquisadores, que participam da comunidade de pesquisa como os botânicos profissionais, apenas não sendo remunerados por suas atividades científicas.
 
No Brasil os amadores são muito mais ativos na Ornitologia, o que gera enorme massa de informações de grande importãncia.para a Ciência e a conservação da natureza
No entanto, atividades científicas de amadores são vistas com muitas reservas por profissionais corporativistas e burocráticos."
 

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